quinta-feira, 27 de março de 2008

Felicidade.


Hoje foi tempo de nascer...

Bem- Vinda, Princesa!

domingo, 16 de março de 2008

O BENFICA SEMPRE GLORIOSO

Final da Taça Uefa (disputada a duas mãos) em 1983: Benfica-Anderlecht
Anderlecht-1 Benfica-0
Benfica-1 Anderlecht-1

Final da Taça dos Campeões em 1988: Benfica-PSV
Benfica-0 PSV-0, 5-6 nos penalties.


Liverpool-0 Benfica-2, em 2006



Final da Taça dos Campeões Europeus em 1990:Benfica-A.C. Milão.
Ac.Milão-1 Benfica-0


Nos anos 80 e 90 perdemos 3 finais europeias por dois golos de diferença...
Estivemos lá, e isto vem a propósito porque estava eu a falar de futebol com uma certa pessoa, quando numa determinada fase da conversa, vem a constatação de que Salazar apoiava o Benfica...
Aí não me pude calar!!!

Resolvi alinhavar umas linhas sobre a ideia estúpida e malévola de que o Benfica era o "clube do sistema”.
O Benfica, até à presidência de Mário Madeira (1949), foi quase sempre liderado por gente da oposição, como Félix Bermudes e Tamagnini Barbosa e correu mesmo um risco sério, na época do MUD, de ser encerrado. Nessa altura era presidente o Brigadeiro Tamagnini Barbosa.
O Benfica era claramente um clube mal visto pelo poder político, que achava que os seus corpos gerentes estavam cheios de oposicionistas. A sua visibilidade pública era censurada pelo regime. Talvez devido a essa situação, forjou ao longo de décadas, uma grande dinâmica popular e uma mística, que lhe permitiu, depois de ter sido despejado de vários recintos, fazer um estádio próprio sem recurso a subsídios, apenas com o dinheiro dos sócios.
Era óbvio que a adesão ao Benfica não era apenas de gente oposta ao regime. Os afectos clubistas são muito mais sólidos que os outros: uma pessoa muda de partido, muda de cônjuge, muda de nacionalidade ... mas não muda de clube. A razão da ascensão de Mário Madeira à presidência foi justamente uma tentativa de evitar um maior endurecimento do regime contra o Benfica.
Os riscos de encerramento que o Benfica correu entre 1946 e 1950, conjuntamente com a enorme popularidade do clube, facilitou um take over progressivo por gente ligada ao mundo dos negócios que viram no Benfica uma possibilidade de adquirirem protagonismo social.
As vitórias europeias levaram a que Salazar descobrisse, por seu lado, que a paixão pelo futebol podia trazer dividendos políticos.
Mas mesmo nesse enquadramento, o Benfica não se tornou o “clube do sistema”. Quando foi o 25 de Abril, o presidente do Benfica era Borges Coutinho.
Desde muito cedo me ensinaram que “uma mentira dita muitas vezes passa a ser verdade.” Mas, como sempre, nunca dei ouvidos aos mais velhos que me tentavam ensinar a viver com este e outros dizeres populares e sempre preferi acreditar que “mais rápido se apanha um mentiroso que um coxo” ou que “mentiras têm, sempre pernas curtas”.

Todavia, fui crescendo e abrindo os olhos à minha custa, percebendo por experiência própria que, afinal, muitas vezes a mentira vence.

No futebol, um mal entendido bem aproveitado por pessoas mal intencionadas, consegue transformar uma mentira repetida em verdade absoluta.

Como é óbvio, tanto num campo como no outro, só se deixa levar pelas mentiras quem não gosta de pensar por si mesmo, quem prefere enveredar por falsas verdades – feitas por outros – e que, simplesmente têm de papaguear.

Os adeptos assumem a plena condição de suporte do clube e dos seus representantes e escondem a cabeça na areia para não verem crimes evidentes e, desse modo, conseguir proteger os seus dirigentes. Por outro lado, esses dirigentes – melhor que ninguém – promovem a ideia de que são vítimas de uma sistema ultra complexo que, em toda e qualquer situação os quer prejudicar. E quando dizem “nos quer prejudicar” não se referem aos dirigentes, mas sim a todo o clube e mesmo às cidades a que pertencem de forma a incendiar um sentimento bairrista do século passado e que alimenta a vontade de os adeptos apoiarem ainda mais os seus líderes mesmo que sejam criminosos.

Toda esta conversa tem uma razão essencial: a mentira de que o Benfica era um clube protegido por salazar tem sido dita muitas vezes com o objectivo duplo de menorizar as vitórias passadas do clube e modificar a história do futebol Português e, mesmo, de Portugal.

Ainda não o fizeram porque, felizmente, não podem nem conseguem mudar e reescrever a história do futebol e a história de Portugal, mas reconheço que já conquistaram bastantes almas e mentes (pouco preocupadas em pensar por si) para a sua batalha de uma vida. Muitas vezes esta mentira surge para emcaputar problemas de alguns dirigentes e clubes com a justiça ou mesmo para dissipar as suspeições que a opinião pública lança a algumas vitórias de alguns clubes.
Quem começou a promover esta mentira foi inteligente (e maquiavélico) porque pretendeu minimizar e transformar as vitórias claras do Benfica em algo desprezível, assim como enaltecer uma espécie de luta contínua e activa a tudo o que diga respeito a esse clube.

Actualmente, qualquer adepto menos formado ou informado não hesita em lembrar (mesmo que não se lembre e não saiba) aos colegas Benfiquistas que outrora foram beneficiados pela ditadura de salazar. Esse argumento é de tal maneira repetitivo e ridículo que há muitos Benfiquistas que nem sequer lhe passam troco, assim como há adeptos de outros clubes que quando confrontados com a verdade ficam estupefactos. Perante isso, uns informam-se e deixam de falar nisso mas a maioria faz de conta que não ouve e continua a repetir a lengalenga como mandam os seus superiores.
Não escondo a minha paixão pelo Benfica mas também não admito que me digam que adulterei dados ou omiti informações na pesquisa que fiz e que de seguida vos apresentarei.

Não sou jornalista mas estou habituado desde muito novo a pensar por mim mesmo – também agora não me calo perante uma tentativa vergonhosa e maliciosa em mudar a história do Benfica e de Portugal.

O Benfica venceu mais provas nacionais sem salazar no poder do que com ele:
O Campeonato Português de futebol conta com 73 edições, 31 ganhas pelo Benfica. antónio de oliveira salazar liderou o nosso país entre 32 e 68 deixando saudades a muitos e raiva a outros (eu estou nestes últimos). Desde a época 33/34 a 68/69 passaram 35 temporadas. Nesse tempo o Benfica venceu 14 campeonatos, contando com o de 68/69; o Sporting venceu 12 e o Porto 8 vezes.
Ora bem: de 31 títulos o Benfica conquistou 14 enquanto salazar foi presidente do conselho e 17 com os outros todos. Agora façam o simples raciocínio: 73 edições de campeonato; 35 decorreram sob a égide de salazar e o Benfica venceu 14; 38 decorreram sem salazar no poder e o Benfica venceu 17 vezes, enquanto o Sporting venceu 6 vezes e o Porto 17 vezes. Ou seja, o Benfica venceu tantos (ou mais, em termos percentuais) títulos sem salazar do que com salazar.
Em 84 edições da taça de Portugal o Benfica venceu 27, 14 sem salazar e 13 com salazar. Mais uma vez: com ou sem ele o Benfica mantém sempre a senda vitoriosa.
As participações do Benfica nas provas Europeias demonstram a grandiosidade do clube a supremacia desportiva em relação aos adversários:
O Benfica conta com 8 finais europeias (7 na taça dos campeões europeus e uma na taça uefa) e duas meias-finais (taça das taças). Venceu ainda a taça latina (que veio dar origem à taça dos campeões europeus) e uma edição da taça ibérica (em 83/84).

Bem, parece que não havia pai para nós naquela altura, em Portugal, no estrangeiro e pelo caminho...
Época dourada (em termos internos) do Benfica coincide com o período mais esquerdista de Portugal, a década de 70:
Em 10 edições do campeonato, na década de 70, o Benfica limpou 6 e conseguiu fazer dois campeonatos sem perder um único jogo.

Em 74/75 o Benfica foi campeão, inclusive foi o 1º de uma sequência de 3 (tri). Conhecem algum período da história política Portuguesa onde estivéssemos mais virados à esquerda? Quem ganhou mais nesse período? O Benfica, claro!
Concluindo: se quiserem relacionar futebol com política terão que dizer que o Benfica foi o mais forte com salazar, sem salazar, com marcelo caetano, com os governos provisórios, com Mário Soares, Francisco Sá Carneiro,Mota Pinto,Pinto Balsemão, Freitas do Amaral, Lurdes Pintassilgo. Já agora, continuando a relação política-futebol, com 10 de Cavaco o Benfica venceu 5 e o Porto 5. Com Guterres o Porto fez o penta, seria justo eu dizer que Guterres favoreceu as vitórias do Porto? Obviamente, não!
Nos 20 anos seguintes à revolução de Abril o Benfica venceu 10 campeonatos e 7 Taças de Portugal, contra 8 campeonatos e 5 taças ganhas pelo Porto e 2 campeonatos e 2 taças conquistadas pelo Sporting.

Elucidativo!!!

salazar censurou o hino do Benfica:
O Benfica era de tal forma protegido por salazar que foi obrigado a mudar o seu hino oficial pelo ditador. Quem não conhece a história do Benfica pode pensar que o seu hino de sempre é a música de Luís Piçarra – aquela das papoilas saltitantes – mas isso não corresponde à verdade.

O hino oficial do Benfica, composto por Bermudes, chamava-se "Avante Benfica" e foi censurado por Salazar por ser entendido como uma afronta ao seu poder. E, na verdade, poderia ser considerado como tal, já que tanto Bermudes como outros dirigentes do clube eram, públicos, opositores de salazar.

Até Miguel Sousa Tavares reconhece:
Miguel Sousa Tavares, adepto portista reconhecidíssimo, no seu último best seller, Rio das Flores (que li e adorei), apresenta um excelente trabalho acerca da evolução das ditaduras de direita na primeira metade do século XX. A ditadura de Franco, o fascismo de Hitler e Mussolini, o estado novo em Portugal e a ditadura de direita no Brasil foram os regimes explorados pelo autor. Miguel Sousa Tavares não podia ser mais explícito, e a dada altura, refere: “Sporting era o clube do regime”. Contudo, como sempre, salazar aproveitou-se das vitórias do Benfica para se promover e credibilizar como faria qualquer ditador. Para além de referir isso no livro (que aconselho) também o fez na sua crónica da Bola. Não se esqueçam que para além de escritor Miguel Sousa Tavares é jornalista e um comentador credível, como tal, não diria uma coisa destas por dizer...
Dirigentes contra poder nas direcções do Benfica:
Quem sabe um pouco do que fala bastava pensar que o Benfica foi o único clube Português que, desde sempre, implementou o funcionamento de assembleias gerais democráticas e eleições livres para os órgãos sociais (mesmo durante o período em que Portugal prescindia de eleições). Só esse facto abona a favor de um clube que, sempre virado para o povo, lhe dava a possibilidade de escolher e decidir dirigentes e políticas. Contudo, não posso deixar de referir que na história do Benfica contam-se imensos dirigentes contra poder que deitam por terra qualquer ligação do Benfica ao fascismo de salazar. Manuel Conceição Afonso, Félix Bermudes (o autor do hino censurado), Tamagnini Barbosa e Júlio Ribeiro são alguns desses exemplos. Mais, este último declarou publicamente que não se recandidataria à presidência do clube porque, precisamente, sabia estar a prejudica-lo junto do poder central.

Para finalizar: José Magalhães Godinho - conhecido opositor do regime - foi o primeiro director do jornal do Benfica.

Datas e acontecimentos engraçados:
O estádio das antas foi inaugurado dia 28 de Maio (dia comemorativo da revolução que deu origem ao estado novo); quando o Benfica foi ocupar o campo 28 de Maio (onde jogava o Sporting) muda o seu nome para, simplesmente, estádio do Campo Grande...
É, também, curioso saber que a selecção nacional só jogou o estádio da luz 17 anos depois de ser construído, em 1971. (Talvez a isto esteja ligado o facto de as bandeiras do Benfica terem sido empunhadas por muito como substituição das bandeiras soviéticas) Já o tinha feito em todos os outros campos mas na Luz havia alguém que não deixava, quem seria?
Mais um exemplo deste tipo de atrocidades cometidas pelo regime foi o facto de obrigarem o Benfica a jogar a final da taça de Portugal em 61/62 em casa do adversário (vitória de setúbal) um dia depois de o Benfica ter vencido o Barcelona na final da taça dos campeões europeus. Os 15 jogadores que estiveram nesse jogo estavam em viagem no dia do jogo em Setúbal que perdemos 1-0...
Em 54/55 O Benfica apesar de campeão não foi indicado para a Taça dos Campeões Europeus porque naquela altura os clubes eram sugeridos pelas entidades nacionais responsáveis e o Benfica, mesmo sendo campeão, foi preterido em favor do Sporting...

Não deixar sair Eusébio foi prejudicial ao Benfica:

O provincianismo que anda de mãos dadas ao futebol faz com que muitos adeptos anti-Benfica refiram o facto de não deixar sair Eusébio como prova de que salazar protegia o Benfica.

Meus caros, Eusébio era o melhor, é o melhor e sempre!

Mas o Benfica era de tal ordem superior que mesmo sem ele continuaria a vencer. Tanto é que até foi campeão europeu contra o Barcelona sem ele.

O grande problema é que a transferência que teve para se realizar com o Inter e com a Juventus tornaria o Benfica num clube muito poderoso em termos económicos e isso causaria problemas ao regime que sempre prejudicou o Benfica, precisamente, por ser um clube de origem humilde e sem recursos como os clubes formados por aristocratas (Porto e Sporting, por exemplo).

Mais, se Eusébio saísse o nome do Benfica iria mais além e quando ele regressasse continuaríamos a ter nas nossas fileiras o melhor jogador português de todos os tempos e, quem sabe, o melhor do mundo de todos os tempos.

Não o deixar sair só prejudicou o próprio e o Benfica.
Para já fico-me por aqui, foi um post que me deu imenso trabalho porque fiz questão de indicar motivos suficientes para que os mais cépticos comprovem os dados e informações que aqui lhes transmito.

Não sinto qualquer necessidade em contrariar aqueles que dizem que o Benfica era o clube de salazar porque - como já disse - qualquer pessoa que pense por si e conheça o mínimo da história de Portugal sabe que isso é...como hei-de dizer...estúpido!Mesmo assim fiz questão de fazer este trabalho para que aqueles que entopem todos os blogs e espaços de discussão futebolística com esta treta possam perceber (se tiverem essa capacidade) o ridículo em que caem ao fazer essa referência.

O Benfica sempre foi olhado com suspeita por Salazar e os seus pares, era o clube da ralé, como eles diziam , e supremo crime a bandeira era VERMELHA, ora já se sabe o ódio que o botas de santa comba tinha a tudo o que fosse vermelhusco.... Até dizia encarnado...

E digo mais:

As direcções do Sporting, nas décadas de 40 e 50 e no início de 60, eram constituídas por gente da Legião Nacional e da UN - Góis Mota, Maia Loureiro e outros.

A ditadura ajudou o F.C. Porto a construir o Estadio das Antas, simbolicamente inaugurado a 28 de maio (data da revolução nacional de 1926).
As ligações do F.C. Porto ao poder permitiram-lhe incrivelmente nas epocas de 39/40 e 41/42 conseguir 2 alargamentos dos nacionais para evitar descer à 2º divisão.
Se houver quem mais queira contribuir para este artigo estejam à vontade porque, para mim, a verdade deve sobrepor-se a tudo, tudo mesmo.
P.S: Não se esqueçam que "cegos não são os que não vêem mas sim os que não querem ver..."

sábado, 15 de março de 2008

ELECTRIC LADYLAND


JIMI HENDRIX-Músico.
Génio da criatividade, da inovação e da guitarra electrica.
A capa de seu disco duplo "Electric Ladyland" de 1968 foi censurada em alguns países.

O motivo:
As “mulheres eléctricas” estão todas nuas, em várias posições.
Nudez artística condicionada e proibida pelo conservadorismo e censura.
Para mim é a capa mais linda de sempre de um disco, e ainda hoje é objecto de culto e de procura para quem colecciona vinil, porque, além da história da censura, a capa das mulheres nuas foi de imediato substituída por outra capa mais "soft".
Quem tem esta capa original, tem um tesouro artístico, social e cultural.

quinta-feira, 13 de março de 2008

BRIAN CLOUGH - "O VERDADEIRO SPECIAL ONE"













Quando eu comecei a ligar alguma coisa ao futebol, uma equipa reinava na Europa do futebol: o Nottingham Forest. Desde então que a minha admiração por esta equipa permaneceu ao longo dos anos, de tal forma que ainda hoje, quando eles estão na League One, todos os fins-de-semana me preocupo em ver qual foi o resultado do jogo deles. Na altura não o sabia, mas vim depois a descobrir a dimensão deste feito ao aperceber-me que o Nottingham Forest não é mais que um pequeno clube das Midlands de Inglaterra, com uma dimensão em nada comparável à de clubes como o Liverpool, Man Utd, ou Arsenal. E não fazia também ideia na altura de quem era o homem que tornou tudo isto possível, o autor deste autêntico milagre futebolístico: Brian Clough. Um personagem único na história do futebol, que ganhou o direito a ser considerado uma verdadeira lenda. É sobre ele que este post fala.
Brian Clough ganhou duas taças dos campeões com o Freamunde de Inglaterra, o Nottingham.
Brian Clough chegou ao Nottingham Forest em Janeiro de 1975.

Apesar dos seus 39 anos, não era um desconhecido no futebol.

Como jogador, numa carreira que terminou precocemente aos 27 anos após uma rotura dos ligamentos cruzados do joelho direito (que na altura significava o fim automático de quaisquer aspirações a jogar futebol), atingiu a impressionante marca de 251 golos em 274 jogos (incluindo 24 hat-tricks) ao serviço de Middlesbrough e Sunderland, sendo internacional inglês.

Como manager, já tinha conseguido o feito de levar o pequeno Derby County a campeão inglês e às meias finais da Taça dos Campeões Europeus, sendo eliminado pela Juventus em circunstâncias suspeitas. Demitiu-se do Derby em conflito com a direcção (o seu desprezo por dirigentes de futebol era notório, e os confrontos frequentes), e assumiu o controlo do Leeds United, uma das potências futebolísticas inglesas de então, no início da época de 1974/75 (pelo meio teve uma breve passagem, sem sucesso, pelo Brighton, na Division Three).

Assim que chegou, disse aos jogadores do Leeds que deviam deitar todas as medalhas que tinham ganho para o lixo, porque só as tinham ganho com batota (resultado de ter visto, numa ocasião, um árbitro entrar no gabinete do manager do Leeds, Don Revie).

Saiu 44 dias depois, com uma indemnização que, de acordo com ele, lhe permitiria não ter que voltar a trabalhar mais.

E assim chegou ao Nottingham Forest, um clube quase desconhecido, perto do fundo da tabela da Second Division, e para onde nenhum jogador com algum prestígio desejaria ir jogar. A primeira compra que fez quando lá chegou foi… um fogão novo, com dinheiro do seu bolso. Segundo as suas palavras:

”Well, the one the club had was knackered. But, frankly, I nearly picked it for the team ‘cos it was better than most of the squad.”

Brian Clough tinha uma obsessão: não sofrer golos. Como muitos treinadores, acreditava que uma equipa se começava a construir de trás para a frente (no caso dele, era resultado de experiências desagradáveis enquanto jogador, já que se irritava ao marcar golos em série e ver que os golos não serviam para nada porque a equipa sofria tantos ou mais do que ele conseguia marcar). Além disso, acreditava que era possível ganhar e jogar simples e bonito, entretendo o público.

Afastou-se do estilo típico do futebol britânico na altura, de bola pelo ar e kick and rush:

”If God had wanted us to play football in the clouds, he’d have put grass in the sky.”

Os seus jogadores estavam proibidos de discutir com árbitros, de chutar bolas para a bancada, simular lesões ou queimar tempo. Não admitia qualquer tipo de desafio à sua autoridade por parte dos jogadores. Sobre isso dizia:

”We talk about it for 20 minutes, and then we decide that I’m right.”

Quando Martin O’Neill, insatisfeito por estar a jogar pelas reservas, lhe foi pedir explicações, recebeu a seguinte resposta:
”It’s quite simple, young man. You’re too good to play for the third team.”

Como quase todos os treinadores que ficaram na história, Clough era um excelente gestor de homens, sabendo motivar ou espicaçar os seus jogadores na altura certa, e utilizando métodos pouco convencionais. Em 1979, na véspera da final da League Cup contra o Southampton, achou que os jogadores estavam demasiado tensos. Então, obrigou os jogadores a irem com ele aos bares e a apanharem uma bebedeira. Segundo ele, preferia ter jogadores ressacados do que jogadores tensos e nervosos. O Forest venceu a final por 3-2.

Um ano depois, trouxe o seu fiel adjunto Peter Taylor para o clube, refazendo a dupla de sucesso de Derby (“I’m the shop window, Pete’s the goods at the back.”). E no final da época de 1976/77, conseguiu a promoção à First Division, conquistando também o primeiro dos troféus ao serviço do Forest, a Anglo-Scottish Cup. Um troféu de pouca importância, mas que Clough sempre considerou ser o início de tudo, porque a maioria dos seus jogadores nunca tinham ganho nada, e aquele troféu deu-lhes a primeira experiência do que era ser um vencedor. Segundo ele, os jogadores gostaram, e ficaram 'viciados'. Taylor e Clough tinham o dom de conseguir tirar o máximo dos seus jogadores, de fazer estrelas de jogadores praticamente desconhecidos, e de relançar carreiras de jogadores considerados acabados para o futebol.

Foi assim que construíram a equipa do Forest para a época de 1977/78.

Resgataram, por exemplo, Peter Shilton ao Stoke, na Second Division (só a história da contratação do Shilton daria um post separado).

Contrataram o ponta-de-lança Kenny Burns ao Birmingham, e Clough viu nele um avançado mediano, mas um defesa de eleição. A jogar na defesa foi eleito o jogador do ano.
A verdade é que nessa época de 1977/78, vindos da segunda divisão, com uma equipa de desconhecidos e ‘acabados’, naturalmente ninguém levava o Forest a sério num campeonato que parecia ganho à partida pelo campeão europeu Liverpool (que revalidou esse título).

Ao fim de dezanove jornadas, o Nottingham Forest ocupava a primeira posição, com um ponto de vantagem sobre o Everton, e seis sobre o Liverpool. Ainda assim, e para fúria de Clough, continuavam a não os considerar candidatos, e a levar as declarações dele que o Forest, e não o Liverpool, era a melhor equipa inglesa como apenas mais um dos seus devaneios. Claro que Brian Clough utilizou isso mesmo como forma de espicaçar os seus jogadores.

E foi assim que o Forest se deslocou a Old Trafford. Quando os noventa minutos terminaram, e o marcador mostrava Man Utd 0 – Nottingham Forest 4, as pessoas começaram a perceber que aquilo era mesmo a sério. Seguiu-se um empate 1-1 com o Liverpool, e uma vitória por 1-0 sobre o Everton.

E daí por diante: 2-0 ao Arsenal, 3-1 ao Chelsea, 2-0 ao Newcastle e ao West Ham, o Forest foi imparável. No final, e num campeonato em que a vitória valia dois pontos, o Forest, vindo da segunda divisão, foi campeão com sete pontos de avanço, e o menor número de golos (24) alguma vez sofridos por um campeão. Foi também estabelecido um record de 42 jogos sem perder, que só viria a ser batido pelo Arsenal, 26 anos depois.

Ao título o Forest juntou a League Cup desse ano.

Pegar num clube como o Derby County e levá-lo a campeão e a uma meia-final da taça dos campeões europeus num jogo viciado a favor da Juventus, já era um feito quase inacreditável. Pegar no Nottingham Forest e repetir a façanha era uma coisa do outro mundo. Mas Clough e Taylor não ficariam por aqui.

Na época seguinte, a primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus colocou o bicampeão Liverpool frente ao Forest de Clough.

O Liverpool foi despachado com 2-0 no total das duas mãos.

Seguiram-se AEK (7-2), Grasshoppers (5-2), e Colónia (4-3, com uma vitória por 1-0 na Alemanha graças a uma exibição épica do Shilton, após um empate 3-3 no City Ground na primeira mão).

A final foi ganha por 1-0 ao Malmö, com um golo de Trevor Francis, o primeiro jogador da história a custar um milhão de libras (Clough insistia que apenas tinha pago £999.999 por ele, porque um milhão era um valor obsceno).

Em três anos consecutivos, Brian Clough levara uma equipa da segunda divisão ao topo da Europa. Não contente com isso, repetiu o título europeu na época seguinte (vitória por 1-0 em Madrid frente ao Hamburgo), em que o melhor marcador da equipa foi Garry Birtles, um aplicador de alcatifas que Clough tinha descoberto a jogar numa liga amadora de fim-de-semana e por quem pagou duas mil libras.

O capitão dessa equipa que ergeu as duas taças de campeã europeia, John McGovern, era um jogador que fora 'raptado' à universidade por Clough e Taylor, que o convenceram a abandonar os estudos e a assinar pelo Hartlepool, da Fourth Division, quando Clough era o treinador, doze anos antes.
O fim da relação com Peter Taylor em 1982, e o progressivo alcoolismo de Brian Clough acabaram por significar o fim da ‘magia’. O Forest viria a conseguir conquistar mais duas Taças da Liga, em 1989 e 1990, mas não conseguiu repetir os feitos do passado. No final da época de 1992/93, a última da carreira de Brian Clough, e da primeira edição da actual Premier League, Clough sofreu a ignomínia de ser despromovido pela primeira vez na vida. Para trás ficou uma carreira única, com duas enormes frustrações: nunca ter conquistado a FA Cup (o mais perto que esteve foi em 1991, na final que ficou tristemente célebre pelas entradas animais e consequente lesão de Paul Gascoigne e que o Forest perdeu por 2-1 no prolongamento); e nunca ter sido escolhido para seleccionador inglês.

Em 1977 chegou a ser entrevistado para o lugar, e seria a escolha óbvia, mas a sua personalidade conflituosa, o desprezo absoluto que sentia por dirigentes de futebol (em particular pelos dirigentes da FA, que acusava de nunca terem jogado futebol na vida) e o hábito de dizer o que muito bem lhe apetecia ("They didn't want an England manager who was prepared to call the italians cheating bastards.") eram uma garantia que seria muito difícil ser escolhido – deram-lhe o posto de seleccionador de esperanças, uma espécie de prémio de consolação.

Brian Clough ficou também famoso por quase tudo o que dizia. As pessoas estavam sempre na expectativa sobre o que ele diria quando era entrevistado, e muitas das suas afirmações ficaram para a posteridade, conhecidas como ‘cloughisms’. Aqui ficam alguns dos exemplos:

”They say Rome wasn’t built on a day, but I wasn’t on that particular job.” - a sua habitual modéstia.

”Players lose you games, not tactics. There’s so much crap talked about tactics by people who barely know how to win at dominoes.”– sobre os comentadores de futebol.

”I can’t even spell spaghetti, never mind talk italian. How could I tell an italian to get the ball? He might grab mine!” - sobre a invasão de estrangeiros no futebol inglês.

”For all his horses, knighthoods and championships, he hasn’t got two of what I’ve got. And I don’t mean balls!” - sobre Alex Ferguson.

”I believe Lennox Lewis didn’t see that punch coming last Sunday, and the skipper of the Titanic had some excuse for not spotting an iceberg if it was dark. But I couldn’t believe my big ears when Fergie said he had not seen Keane’s tackle on Haaland.” - sobre a ‘visão selectiva’ de Alex Ferguson.

”At last England has appointed a manager who speaks English better than the players.” – sobre Eriksson.

”The Derby players have seen more of his balls than the one they’re meant to be playing with.” - quando um streaker invadiu o campo durante um jogo.

”That Seaman is a handsome young man but he spends too much time looking in his mirror rather than at the ball. You can’t keep goal with hair like that.” - sobre David Seaman.

”He’s like Muhammad Ali but without the talent. He floats like a butterfly and tackles like one too.” – sobre o jogador Trevor Brooking.

”They say Al Capone did some good things in life. Trouble was, he would go out in the streets and shoot people. Keane is becoming United’s Al Capone.” – sobre Roy Keane.

”Acne is a bigger problem than injuries.” - sobre a juventude da sua equipa.

”I bet their dressing room will smell of garlic rather than liniment over the next few months.” - sobre a quantidade de jogadores franceses no Arsenal de Wenger.

”They caress a football the way I dreamt of caressing Marilyn Monroe.” - ainda sobre o Arsenal de Wenger.

”If a player had said to Bill Shankly ‘I’ve got to speak to my agent’, Bill would have hit him. And I would have held him while he hit him.” - sobre os agentes dos jogadores.

”Beckham? His wife can’t sing and his barber can’t cut hair.” – sobre Beckham e a mulher.

”Football holligans? Well, there are 92 club chairmen for a start.” – a sua tradicional antipatia por dirigentes.

Enfim, tal como disse, este post tem a ver com uma figura que eu me habituei a venerar como um dos melhores, se não mesmo o melhor treinador de futebol de sempre, e que nos deixou completam-se três anos.

Mostrem-me um treinador que em quatro anos leve uma equipa da segunda divisão a bicampeã europeia e talvez eu mude de opinião.

Isto dos melhores tem que se lhe diga, e cada um terá a sua opinião. Eu limito-me a concordar com o próprio Brian Clough, e a sua tradicional modéstia:

”I wouldn’t say I was the best manager in the business. But I was in the top one.”

por D`Arcy
Bobby Charlton:
"In the '80's I followed Nottingham Forest everywhere in England and Cloughie was always applauded by home supporters, well most of them, this never happens with these managers like Mourinho. Brian Clough was different because his teams didn't cheat, never argued with refs and respected the opposing team whatever the outcome and most important of all they played very exciting football on the floor. He used to fine players a weeks wages if they got booked for arguing with officials, I remember him substituting Stuart Pearce - who was the England captain at the time, just for a late tackle on an opposing player. If you doubt any of this, just search google for stories about Mr Clough.By example, Mourinho is a good manager, but Brian Clough has 2 European cups to his name, as many as Ferguson, Wenger and Mourinho combined. With a poor team, without money, in a short time.
Brian Clough is, simply the best coach of all time."

sexta-feira, 7 de março de 2008

ARCOS DE VALDEVEZ NO EBAY











Estava eu a "navegar" pelo EBay, quando de repente, encontro estes postais antigos da nossa linda vila que é Arcos de Valdevez.

Os postais, dos anos 60/70, são referentes à nossa ponte sobre o Rio Vez e ao nosso Município.

O EBay, para quem não sabe, é actualmente o maior "site" do mundo para a venda e compra de bens, é o mais popular shopping da internet e possivelmente foi a pioneira neste tipo de serviços.
Até no EBay se encontra Arcos de Valdevez, a vila mais linda de Portugal, onde em 1140, graças ao Torneio de Valdevez, se deu o primeiro passo para a celebração do Tratado de Zamora em 1143.

Esta nossa paisagem sobre o Rio Vez, é das imagens mais lindas que podem existir para os nossos olhos e sentidos!

domingo, 2 de março de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: JIMI HENDRIX EXPERIENCE, "LIVE AT MONTEREY".






Live at Monterey é agora reeditado e recupera as memórias da actuação histórica da Jimi Hendrix Experience no festival Monterey Pop, de 1967.
O cartaz do evento californiano faz de cada melómano, um obsessivo-compulsivo a tentar inventar a máquina do tempo: por lá passaram Otis Redding, Ravi Shankar, The Who, Janis Joplin, Canned Heat,Simon and Garfunkel, Jefferson Airplane ou os Buffalo Springfield, e muitos, muitos outros que salvaguardaram o seu nome na lista dos eternos.

São várias as incidências que contribuem para que a sua passagem por Monterey esteja inscrita hoje nos compêndios da história do rock: Jimi Hendrix conseguiu ser o melhor naquele poderoso festival; aquele era o primeiro grande concerto no seu país-natal; e o guitarrista dava a conhecer ao mundo o potencial dos então desconhecidos amplificadores Marshall (que deram uma projecção sonora inovadora ao espectáculo de poucos mais de 40 minutos).
Esta conjugação de factores só não consegue ser tão explosiva quanto a própria performance de Jimi Hendrix e da sua banda inglesa Experience (Noel Redding no baixo e Mitch Mitchell na bateria) dada naquele palco.

Grandes canções de Hendrix como «Foxey Lady», «Can You See Me» ou «Purple Haze» são engrandecidas pela importância do momento, e as versões de que era mestre, como «Like a Rolling Stone» (de Bob Dylan), o mítico «Hey Joe» e o famoso «Wild Thing» (criado pelos Troggs), tiveram naquela noite o mesmo destino, com blues demonizados a uma velocidade rebelde de Concorde.

O disco tem a desvantagem de não ser ilustrado pelas imagens inesquecíveis de Jimi Hendrix a queimar a guitarra ou pela reacção boquiaberta de um público que estava a descobrir um novo mundo, entre outras peripécias mais ou menos musicais (mas todas elas fascinantes).

Em Live at Monterey sente-se e ouve-se o maior vulcão rock & roll de sempre em plena erupção, vê-se o melhor concerto de sempre, (olá revista Uncut), e por isso, o dvd faz tremer, com efeitos geológicos locais onde quer que sejavisto e ouvido.
Ver,ver,ver,escutar, escutar, escutar.
Faixas:
01. American Landing Part 1
02. Intro
03. Killing Floor
04. Foxey Lady
05. Like A Rolling Stone
06. Rock Me Baby
07. Hey Joe
08. The Wind Cries Mary
09. Purple Haze
10. Wild Thing
11. American Landing Part 2
12. Killing Floor (3 Camera Angles)
13. Foxey Lady (3 Camera Angles)
14. Like A Rolling Stone (3 Camera Angles)
15. Hey Joe (2 Camera Angles)
16. Wild Thing
17. Like A Rolling Stone
18. Stone Free

Hendrix Nosso Senhor e as aparições em Monterey. Milagre!
Abraço!!!