Desde miúdo que me contam histórias em casa sobre a guerra colonial, porque o meu Pai foi mobilizado para os teatros da guerra colonial, e cumpriu serviço militar em Angola, de 1969 a 1971 como condutor de Auto Rodas. Era ele que levava os soldados dos "Dragões de Angola" para o combate no "Unimog", e era ele também o "Chauffer" do Governador Civil em Silva Porto.
Fiquei impressionado com a qualidade do trabalho de Joaquim Furtado.
Os testemunhos pessoais obtidos são de um valor histórico, e humano, extraordinário; a isenção, política e ideológica, na abordagem de um acontecimento dramático na vida de povo português, e do povo angolano, é um exemplo de profissionalismo e de coragem cívica exemplares.
A montagem permite recriar os ambientes da guerra com seriedade narrativa e estética tornando apetecível um tema repugnante, confrontando os antigos combatentes, desvendando os antecedentes e revelando detalhes desconhecidos mesmo dos próprios protagonistas.
Impressionou-me a narrativa implícita no documentário expondo a fraqueza de Portugal como potência colonial. Como foi possível manter um império com pés de barro durante tanto tempo?
Afinal não existia em Angola, nem em qualquer outra colónia, nem planos de contingência, nem forças policiais e militares revelantes, nem infraestruturas, nem armas, nem outro projecto que não o da pura exploração das riquezas naturais e da mão de obra barata, herdeira do esclavagismo.
Aqueles portugueses que trabalhavam nas regiões do interior de Angola ficaram, de um dia para o outro, abandonados à sua sorte. Eles, na sua esmagadora maioria, não eram nem fascistas nem colonialistas. Foram vítimas de uma política que, como dizia, com aguda lucidez, num debate na RTP, o General Galvão de Melo, radicou no atraso de um processo de descolonização que deveria ter começado logo após o fim da Segunda Grande Guerra.
Resultado: 10 000 mortos e perto de 30 000 feridos.
O que se ganhou com aquela teimosia, com aquele orgulho...? O que se perdeu sabemos nós.
10.000 vidas.
Louvor aos Soldados e Hinos à sua memória.
1 comentário:
PARABENS EU TAMBÉM FUI COMBATENTE EM CABINDA MAIS PRÓPRIAMENTE NA FLORESTA DO MAIOMBE ONDE TIVEMOS VÁRIAS BAIXAS.É PENA OS GOVERNOS ESQUECEREM O PASSADO NO QUE DIZ RESPEITO AQUELES QUE NÃO FUGIRAM DE DEFENDER O PAÍS.É GRATIFICANTE VER UM JÓVEM DAR IMPORTÂNCIA A UMA PÁGINA DA NOSSA HISTÓRIA QUE JULGO DEVE SER CONHECIDA DOS NOSSOS JÓVENS.BEM HAJA E UM ABRAÇO AMIGO COMBATENTE
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